RAUL BOEIRA









Raul Boeira é compositor. Nasceu em Porto Alegre em 1956, mas vive em Passo Fundo desde 1974. Toca violão e compõe desde essa época, influenciado pela MPB de Gilberto Gil, Joyce e Dori Caymmi. Embora não atue profissionalmente como músico, suas canções têm sido interpretadas e gravadas por artistas no Brasil, no Uruguai e na Europa. Entre seus parceiros, estão Alegre Corrêa, Marcelo Onofri, Leonardo Ribeiro, Mário Falcão e Ita Arnold. Além de compor, escreve resenhas para diversos jornais, revistas e sites musicais, constituindo-se num incansável divulgador da música do Brasil.







Em 2009, Raul Boeira lançou Volume Um, disco produzido no Rio de Janeiro, no legendário estúdio Nas Nuvens, com direção musical do pianista e arranjador Dudu Trentin, que atuou algum tempo em Passo Fundo, depois em Porto Alegre (Cheiro de Vida, Vitor Ramil, Nei Lisboa), Viena e hoje vive na capital carioca.


O CD tem sambas, ijexá, xote, baião, partido alto, toada, além de candombe e milonga. O repertório traz doze canções: O poder da benzedura, Negro coração e Clariô (ambas em parceria com Alegre Corrêa), Oferenda, Doutor Cipó, Na beira do rio, Pro pandeiro não cair, Minha reza, Castelhana, Com o azul nos olhos (parceria com o porto-alegrense Mário Falcão), Tataravô e Laranjeira.


O cast conta com instrumentistas do primeiro time da MPB. Os guitarristas Ricardo Silveira, Lula Galvão, Celso Fonseca, Torcuato Mariano, Fernando Caneca, João Gaspar e Julio Herrlein; os baixistas André Vasconcellos e André Rodrigues; o baterista Alexandre Fonseca; os percussionistas Sidinho Moreira e Firmino; o flautista Marcelo Martins; o violinista Glauco Fernandes e o acordeonista Léo Brandão. A cantora carioca Barbara Mendes cantou em uma faixa. Atuaram como backing vocals Juliano Cortuah, Nina Pancevski e Lu Duque.


Vitor Farias foi o engenheiro responsável pela gravação, mixagem e masterização. Com mais de trinta anos de experiência, e considerado um dos melhores do Brasil, já gravou discos dos principais artistas brasileiros, como Elis Regina, Hermeto Pascoal, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Edu Lobo, Paralamas, O Rappa, Ana Carolina, Seu Jorge e muitos outros.


O projeto gráfico foi criado por Jeferson Cunha Lorenz, artista gráfico passo-fundense, videografista responsável por animações do programa Mundo da Leitura na UPFTV/Canal Futura. Atualmente é designer da Divisão de Marketing da UPF, respondendo por campanhas de projetos institucionais.


O disco foi fabricado pela Sonopres (Manaus) e pode ser adquirido pelo preço de R$ 30,00.


Ouça seis faixas do disco: www.myspace.com/raulboeira
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Opiniões




Graças aos seus contatos e prestígio junto aos músicos, Raul Boeira conseguiu fazer um trabalho de alta categoria, gravado no Rio com alguns dos melhores instrumentistas brasileiros, como Celso Fonseca, Ricardo Silveira, Lula Galvão, Torquato Mariano, Sidinho Moreira, Alexandre Fonseca. Para a produção, os arranjos e teclados, chamou seu amigo Dudu Trentin. Também gaúcho, radicado no Rio, Trentin é requisitado pela competência e o conhecimento musical. Mas nem ele nem esses músicos dariam a melhor contribuição se a música de Boeira não fosse muito boa. É. Ele compõe com fluência, tem um estilo amplo no âmbito da MPB clássica, perfeitamente à vontade no samba, nos ritmos do Nordeste, nas canções tipicamente brasileiras, algumas de sabor regional, como a linda Na Beira do Rio. Com harmonias bossa-novistas e a guitarra de Julio Herrlein, Minha Reza tem o achado de apelar a São Jobim para que proteja a Natureza. É uma das grandes letras de um disco cheio de boas letras e temática diversa.


Juarez Fonseca, critico musical - Jornal ABC (RS) - 16/8/2009






A música popular brasileira não pára de dar bons frutos. É o caso de Raul Boeira, compositor de talento, que vive em Passo Fundo, com as antenas ligadas no mundo. Raul Boeira Volume Um é um disco brasileiro. Vai muito além das nossas fronteiras regionais. Não apenas porque Raul fale do mar como se fosse Caymmi, saiba fazer samba como um carioca e ofereça uma oração a São Jobim. Não, ele vai mais longe exatamente porque consegue falar, de maneira universal, das nossas coisas do interior: uma erva do campo, uma reza, uma guria castelhana, um ranchinho na beira do rio. É uma viagem delicada através de um imaginário de pura beleza, emoldurada pela produção primorosa e refinada de Dudu Trentin. E o auxílio luxuoso de alguns dos melhores músicos em atividade no Brasil.


Kledir Ramil, Rio – fev/209






Ao ouvir o CD Raul Boeira Volume Um, uma confirmação e uma surpresa: respectivamente, a de versos e harmonias tão sublimes e, pasmo, a de que Raul - a quem eu me acostumara a conhecer somente homem de letras, compositor e profundo conhecedor da MPB - é também um cantor. E que cantor. Mas voltemos aos versos. Versos que são, por assim dizer, a comissão de frente de Volume Um. E que são, também, via de regra, o calcanhar de Aquiles de grande parte do que se ouve hoje na mídia. Se insisto neste bordão comparativo a um corte amostral contemporâneo, é porque não há como falar deste disco de outra forma, já que, antes de tudo, o apreço pelas palavras, seu manuseio carinhoso e inventivo, associado à extrema qualidade da composição musical, realizada em formas ambiciosas, refinado tratamento harmônico e execução instrumental virtuosística - bem mais afeitos, portanto, à bossa nova, ao Clube da Esquina ou às mais profundas raízes populares brasileiras do que a seus contemporâneos mais conhecidos – confere ao disco sua excelência e singularidade. Dito de outro jeito, o que se ouve, então, em Volume Um, é uma aventura lírica precisa e evocativa, embalada nas poderosas rítmicas brasileira e latina e na harmonia do jazz. Já se falando em jazz, não há como não falar de parcerias notáveis – o que, particularmente sobre este CD, é bem difícil, pois não cabem numa resenha as laudas de referências do time de sonhos reunido para dar (ou)vida às canções de Raul. Parcerias que incluem o casting perfeito, reunido pelo diretor musical Dudu Trentin, para criar o ambiente intimista, literalmente camerístico, a realçar a força das palavras e a ambição das formas e harmonias; o gênio e invenção da guitarra de Júlio Herrlein na jobiniana Minha Reza; os monumentais sambas Negro Coração e Clariô em parceria com Alegre Corrêa; a graciosa ode a uma Laranjeira; canções de amor (Oferenda e Na beira do rio) e luta (Pro pandeiro não cair e Tataravô Curumim) e até o delicioso candombe Castelhana.


Augusto Maurer, Primeiro clarinetista da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre






Escutei com atenção o cd "Volume um", do compositor Raul Boeira. O que posso dizer é que fiquei encantado. Isso desde a bela capa e programação visual, desde o encarte bonito com as letras, desde a foto bem-recortada, desde a gravação sonoramente impecável, desde os arranjos com harmonia no preceito. Depois, gosto das letras, quase sempre simbólicas, a evocar os diversos recantos deste grande arquipélago cultural que é nosso país. Com esse disco, ele vai além da pátria gaúcha, e essa é uma escolha acertadíssima -- afinal, mesmo arquipélago, as ilhas se comunicam, no caso, com a música. Sob o aspecto melódico e rítmico, eis aí as belas surpresas: há de tudo, num ecletismo difícil de ser obtido por qualquer músico. Raul Boeira se saiu muito bem, bem mesmo. Há vários embalos, há quebras de ritmo quando estes devem acontecer, há as melodias "bem fechadas", isto é, nas quais a frase musical não nos deixa à espera de uma solução. Sim, são melodias que acontecem como ondas - se é que me faço explicar. Assim como a onda é redonda e eterna, assim as suas melodias parecem existir desde sempre. Não se sente o labor do músico em criá-las; esse é, penso eu, o melhor que se pode dizer acerca da qualidade artística de um criador. São assim as obras-primas: ninguém pensa que alguém as criou, um dia. Falo tudo isso como escritor que pensa ter adquirido algum juízo crítico quanto aos poemas, mas também como músico que fui por 15 anos, da OSPA [violoncelista]. E tanto o músico como o escritor dizem, os dois, parabéns! Belo é saber da existência de Raul Boeira. E que ele siga assim, alegrando-nos e fazendo-nos percorrer as trilhas musicais do Brasil.


Luiz Antonio de Assis Brasil, romancista, ensaista, cronista, Doutor em Letras






Verdadeira carícia pros ouvidos da gente. Delicioso – assim classifico esta iguaria sonora produzida por Raul Boeira logo na estréia. Um grande CD de um grande compositor brasileiro. SARAVÁ!


Alexandre Florez, Compositor e escritor






Sem nenhum alarde, foguetório ou aviso prévio ele chegou. E chegou para transformar 2008 em um ano histórico para a cultura musical de Passo Fundo. Volume Um é o nome do CD (embora o Raul seja do tempo do LP) que a cidade e o Brasil ganharam neste final de ano. Anotem aí. É um clássico da MPB. Não fosse o Raul Boeira um recluso cidadão de Passo Fundo, a mídia brasileira estaria saudando efusivamente mais um clássico da nossa música popular, aquela popular eternizada por Chico Buarque, Caetano, Francis Hime, Paulinho da Viola e tantos outros poetas do nosso cotidiano. Exagero? Nenhum. Cercado de um produtor musical de primeira e de músicos acima de qualquer suspeita, Raul gravou em um estúdio do Rio de Janeiro 12 canções que nos levam a pensar como é que tantos medíocres podem fazer tanto sucesso e ganhar tanto dinheiro por este brasilzão afora, enquanto a obra do Boeira chega até nós tão silenciosamente.


César Augusto Azevedo dos Santos, Secretário de Desporto e Cultura de Passo Fundo






O artista no tempo de madureza


"Para que a escrita seja legível,/ É preciso dispor os instrumentos,/ Exercitar a mão,/ Conhecer todos os caracteres./ Mas para começar a dizer/ Alguma coisa que valha a pena,/ É preciso conhecer todos os sentidos / De todos os caracteres/ E ter experimentado em si próprio/ Todos esses sentidos,/ E ter observado no mundo/ E no transmundo/ Todos os resultados dessas experiências".


Ouvir as canções de Raul Boeira, que faz música há muito tempo, mas que apenas agora lança o seu primeiro CD, provoca essa sensação descrita por Cecília Meireles. Ele diz algo que realmente vale a pena. E só pode fazer isso porque olha sem pressa para suas vivências, para os Brasis - o das veredas, o da campanha, o da Bahia - e para a América, que o habitam e nos quais ele habita. Sua música é a própria experiência macerada, à qual se agrega o mundo externo, que ele capta "em horinhas de descuido" e transfigura em imagens e som.


A ginga que atravessa suas composições advém do conhecimento que adquiriu dos ritmos e de variadas inflexões de voz, mas também daquilo que parece haver nascido com ele, que é o seu instrumento por excelência: a consciência que possui do valor da pausa, a sensibilidade com que toca o silêncio. E o interessante é que, em pleno mundo da velocidade, num meio em que a indústria fonográfica e a mídia ocupam-se em fabricar novos ídolos, Raul Boeira não perde de vista "a verdadeira escalação", nem esquece jamais qual é o seu jogo.


Essa experiência lúdica parece encontrar sua tradução nas palavras de Chico Buarque. Diz ele, quando se refere ao futebol, que o jogo a que se convencionou chamar de pelada é praticado por moleques de pés descalços em qualquer terreno pouco confiável. Para Chico Buarque, essa é uma espécie de futebol que se joga apesar do chão, num território delimitado por linhas imaginárias. Na pelada, o próprio gol é coisa abstrata, comenta ele; o que conta, mesmo, é a bola e o moleque, o moleque e a bola. Pois, Raul Boeira é o moleque diante da bola. Em vez de apostar na competição, no resultado, ele se diverte há anos fazendo embaixadas. Seu território é o das vagarezas, o da amorosa atenção, porque já descobriu, ou sempre soube, que o importante é a travessia. E é justamente por isso que faz o gol.


Desse modo, ele consegue acercar-se de temáticas como a reza, a cura, o poder da natureza, a solidão, a saudade, a entrega amorosa, a fome, a resistência e a própria música, pois esses são terrenos cujo acesso só é verdadeiramente concedido àquele que vier a abordá-los movido pela empatia, e não pela mera simpatia intelectual. O artista olha para suas criaturas e se permite sonhar, chorar e sorrir com elas. É no meio de benzedores, pescadores, amantes, céus, plantas, bichos e de um quase zé que ele encontra sua matéria poética e musical. Assim, a "rima pessimista" apela para a ocorrência de um milagre, e o azedo convive com a doçura. Desse encontro, nasce a oferenda que ele agora faz ao público.


Márcia Helena Saldanha Barbosa, Professora da UPF, Doutora em Teoria da Literatura









Entrevista


(Concedida ao jornal O Nacional, de Passo Fundo/RS)


ON: Você faz música há muito tempo. Foi difícil escolher as canções para esse disco de estréia?
RB: Foi a minha “hora da verdade”. Faço música há trinta anos e para escolher as doze canções que foram para o disco sofri um bocado, tenho uma autocrítica ferrenha. Optei por canções que evidenciassem que a minha composição parte do violão. Também decidi que o repertório teria variedade rítmica. Selecionei canções com letras enxutas, diretas e sem ranço de qualquer espécie. Procurei mostrar que sou um músico brasileiro. Que acredito na musica do Brasil.


ON: E o processo de produção?
RB: Tinha várias boas opções para a direção musical do disco. Mas optei por Dudu Trentin, pela amizade de mais de vinte e cinco anos e por termos as mesmas referências musicais. Além disso, ele é um excepcional arranjador, dono de uma grande experiência como produtor musical e tem acesso aos melhores músicos e técnicos do Rio de Janeiro. Discutimos os arranjos em longos e-mails e depois que as bases foram definidas fui ao Rio para gravar as vozes. Esses meses de convivência e de trabalho com Dudu foram uma verdadeira escola para mim.


ON: Como você se situa dentro da música do RGS?
RB: Musicalmente, eu me situo mesmo é dentro do Brasil. Minhas referências musicais vêm de muito cedo, cresci ouvindo rádio, desde criança. Meus primeiros discos foram de Milton Nascimento e Chico Buarque. E isso foi muito antes da invenção da MPG ou da explosão nativista que tomou conta do RGS a partir de meados dos setenta. O meu violão vem de João Gilberto, aprendi a compor com Gilberto Gil. Eu queria mesmo era tocar violão como Joyce, compor como Dorival Caymmi e cantar como Paulinho da Viola.


Publicada na edição de 21/12/2008






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